Este livro, de Anatole de Montaiglon, historiador da arte oitocentista, interessa-se justamente por reconstituir a trajetória do desenhista Henri de Gissey, que esteve à frente da cenografia e da coreografia dos divertimentos reais, na figura do monarca Luís XIV, em pleno século XVII francês. De autoria de Henri é, por exemplo, todo o figurino de Psyché, tragicomédia composta a duas mãos por Molière e Pierre Corneille, com música de Pierre Quinault, representada em 17 de janeiro de 1671, no Teatro das Tulherias – ou, como era conhecido, Sala das Máquinas. Nos bastidores, por precisa espetacularização do poder real e pela difusão de um saber artístico, o objetivo do desenhista era fazer de Luís XIV não apenas um rei, mas, acima de tudo, um mito.