Repensar a cultura brasileira a partir da produção dos povos negros, entender as profundezas que a historiografia do Brasil fez questão de esconder para validar as estruturas do racismo, aplicar às manifestações de origem banto o que a crítica literária considerava apenas para a arte influenciada pelos princípios europeus. Partindo da premissa de Antonio Candido de que, para um texto ter tratamento literário, é preciso que se sustentem no tripé autor-obra-público, Edimilson de Almeida Pereira faz uma incursão pelo interior de Minas Gerais para provar que as manifestações festivas do Congado, existentes no Brasil desde o século 16, podem e devem ser consideradas obras literárias ao considerarmos os cantopoetas, os autores, os cantopoemas, as obras, e os devotos, o público.