O que é a felicidade? É possível atingi-la? Qual o melhor meio para isso? Estas questões enquadram-se naquela categoria de perguntas fundamentais da qual também fazem parte as clássicas "quem sou eu?", "de onde veio o universo?" e "o que é o bem?". A resposta a elas constitui o objeto da filosofia. O professor Philippe van den Bosch, que leciona filosofia tanto no grau secundário como no superior, condensou milênios de indagações filosóficas sobre a felicidade num livro admirável, voltado para o público leigo. Em geral, há duas maneiras de se ensinar a filosofia: uma é a abordagem histórica, na qual o centro são os pensadores e suas escolas, apresentados um por um numa sequência cronológica, geralmente partindo dos gregos e pré-socráticos até chegar aos filósofos contemporâneos. Esse foi o método usado em "O mundo de Sofia", o famoso romance/introdução à filosofia de Jostein Gaarder. A outra maneira é a abordagem propriamente filosófica, na qual o centro são os temas. Ela é muito mais dinâmica, pois permite expor diversas idéias segundo a necessidade, não importando quem os emitiu nem quando. Didático e claro, "A filosofia e a felicidade" é uma prova da superioridade deste último caminho. Ao centrar-se no tema da Felicidade, van den Bosch consegue ser profundo sem ser obscuro. Ele confronta as diversas correntes filosóficas e mostra suas contradições, estimulando a reflexão do leitor. Não que ele chegue a uma resposta para as perguntas do início desta resenha. Há várias, nenhuma definitiva. A filosofia está fadada a sempre perguntar, num eterno refinar do pensamento.