Muitos dos poemas de Vitória Vozniak são versados na arte da investigação. Querem encurralar o que é, e o que não é: bissexual, uma mulher, uma mulher sozinha, uma verdade. Enquanto os enunciados de definição vão errando seus caminhos, vagueando livres e apontando os enganos dos discursos correntes, perguntas vão se empilhando, exorbitando, provocando novos recenseamentos. Quanto tempo vive um centauro? De que serve uma árvore que não dá fruto? Por que Atlas é um homem? De quem é o corpo de Maria? Para quem a morte é tranquila? Nos beats do coração de um musaranho se sobressai nesse espaço de jogo, exibindo nuances variadas de humor: do divertido, que convida à gargalhada alta, até o fino do deboche, do jocoso, o sangue nos olhos do humor corrosivo. Com essa altivez, com essa liberdade, os versos apontam para estruturas de poder patriarcais opressivas e excludentes, e assim as desestabilizam. [...]