Em seu novo livro, o cientista político Antonio Carlos Mazzeo discute os conceitos de igualitarismo, política e Estado nas origens do pensamento moderno "A devastadora crise feudal do século XIV possibilitou que, em amplas áreas da Europa, os camponeses se desvencilhassem da situação servil. A Igreja mergulhou na crise com gravidade. Por sua vez, a expansão colonial e comercial enriqueceu a burguesia mercantil, a camada social com horizontes mais amplos e que mais necessitava da ciência. A solução para a crise foi a centralização do poder político na figura do rei e o consequente esvaziamento dos poderes universais da época feudal e dos poderes locais. Esse movimento pôde restaurar o poder social da nobreza feudal e, ao mesmo tempo, incorporar a burguesia mercantil como fração de classe dominante. A persistente polêmica é sobre o significado histórico do Estado político: se Estado foi uma forma de reação da nobreza frente à crise ou se foi transição em direção ao capitalismo. Este livro retoma esse debate a fim de defender a segunda hipótese." Marcos Del RoioEm seu novo livro, o cientista político Antonio Carlos Mazzeo discute os conceitos de igualitarismo, política e Estado nas origens do pensamento moderno "A devastadora crise feudal do século XIV possibilitou que, em amplas áreas da Europa, os camponeses se desvencilhassem da situação servil. A Igreja mergulhou na crise com gravidade. Por sua vez, a expansão colonial e comercial enriqueceu a burguesia mercantil, a camada social com horizontes mais amplos e que mais necessitava da ciência. A solução para a crise foi a centralização do poder político na figura do rei e o consequente esvaziamento dos poderes universais da época feudal e dos poderes locais. Esse movimento pôde restaurar o poder social da nobreza feudal e, ao mesmo tempo, incorporar a burguesia mercantil como fração de classe dominante. A persistente polêmica é sobre o significado histórico do Estado político: se Estado foi uma forma de reação da nobreza frente à crise ou se foi transição em direção ao capitalismo. Este livro retoma esse debate a fim de defender a segunda hipótese." – Marcos Del RoioNa sequência de seu livro O voo de minerva: a construção da política, do igualitarismo e da democracia no Ocidente Antigo, Antonio Carlos Mazzeo traz aos leitores uma profunda sondagem teórico-histórica das questões mais importantes levantadas pela sociedade contemporânea acerca da democracia, do igualitarismo e do poder. Em Os portões do Éden: igualitarismo, política e Estado nas origens do pensamento moderno, o autor radica sua pesquisa histórico-filosófica nas origens helenísticas do igualitarismo e das formas políticas de resolução das necessidades organizativas das sociedades.O corte filosófico encetado pela passagem da questão do 'que fazer?' platônico para a questão de 'como viver?' aristotélico dá início a um longo processo, contínuo-descontínuo, de construção de cosmologias que se adequem às diferentes formas sociometabólicas e histórico-particulares ocidentais até a modernidade.O Renascimento e a apropriação peculiar da herança helênica do igualitarismo proporcionam uma imersão em autores que sintetizam a transformação civilizatória da nova era na 'entificação' de uma nova cosmovisão da condição humana. Laicizar o divino e o estabelecimento do livre-arbítrio permitiram à humanidade historicisar o conhecimento na transformação dialética do ser humano e da consciência possível. Nessa particular transformação que emerge do Renascimento, a forma sociometabólica do capital impulsionada pela burguesia traz consigo a superação do ideal clássico grego fundado na pólis e a ascensão do ideal burguês do homem egoísta, surgindo assim, a forma inacabada da individualidade ainda segmentada pela sociedade de classes.O encerramento do livro com a primorosa contribuição de Maquiavel permite compreender em plenitude a construção ideo-política da forma societal burguesa em emergência. A práxis política, o papel do Estado e o significado do igualitarismo no século XXI requerem a imersão na produção teórico-filosófica proposta por Mazzeo ao abrir os portões do Éden aos leitores. [Texto de orelha de Sofia Manzano]