Busca-se analisar criticamente a governança das receitas públicas de recursos naturais não renováveis no Brasil. Considerando a característica de finitude desses bens, que importa em negar às gerações pósteras o acesso a eles, deve-se reconhecer a necessidade de tratar essa receita de forma singular. Para tanto, foram eleitos dois eixos de análise: o primeiro, observando a literatura sobre a maldição dos recursos naturais, a doença holandesa, e fenômenos relacionados; e o segundo, com consulta à noção de justiça, solidariedade ou equidade entre gerações, inclusive e especialmente para aplicação no Direito Financeiro. Com essas bases, elegem-se aspectos da governança brasileira de royalties a serem analisados: o federalismo fiscal dessas receitas; a forma de tratamento financeiro-orçamentário dos royalties, especialmente sua classificação; a utilização de Fundos para sua gestão; a relação entre a arrecadação de royalties e a arrecadação tributária, especialmente nos entes subnacionais mais beneficiados; os modos de direcionamento e coação que a lei impõe ao gestor no gasto dos royalties; a transparência fiscal brasileira. O estudo pretende conduzir à conclusão de que, apesar do ordenamento jurídico ter avançado em alguns desses aspectos, ele não está, sob as perspectivas de análise escolhidas, adequadamente aparelhado para a governança das receitas públicas de recursos naturais não renováveis.