Em meio a tantos estudos sobre diferentes temáticas do período da ditadura, a questão indígena permaneceu pouco explorada. A contribuição à historiografia do livro de Breno Tommasi é notável, não somente porque o autor se junta aos historiadores que vêm mudando essa realidade, mas, sobretudo, por suas abordagem e conclusões. A partir de rigorosa pesquisa e avesso a simplificações maniqueístas, Breno demonstra a complexidade das questões no interior do Serviço de Proteção aos Índios e da Fundação Nacional do Índio, durante os anos do governo do general Médici. Da mesma forma, os indigenistas, agentes desses órgãos estatais, mantiveram posicionamentos variados no que diz respeito a suas posições, ações e relações com o regime. Esses anos de grande repressão foram, igualmente, de enorme otimismo quanto ao desenvolvimento do país, experimentado por expressivos segmentos da sociedade.