Vila Rica, 1732. O governador prepara-se para regressar a Portugal. Durante os 12 anos em que esteve à frente da capitania de Minas Gerais, D. Lourenço de Almeida despertou suspeitas quanto à honestidade de sua conduta. Diziam que havia amealhado uma fortuna fabulosa em ouro e diamantes; que havia oprimido e espoliado o povo; que havia governado como um tirano... Chegou finalmente o momento da vingança. Pelas ruas de Vila Rica, panfletos manuscritos corriam de mão em mão, espalhando um rastro de riso e escândalo. Escritos em forma de sátira, esses papéis denunciavam os malfeitos do governador, descrevendo-o como um dos maiores ladrões que já haviam pisado naquele lugar. Por mais de 250 anos, esses papéis satíricos permaneceram esquecidos no Arquivo da Biblioteca da Universidade de Coimbra, em Portugal. Trazê-los à luz depois de tanto tempo é o propósito de Adriana Romeiro no livro Vila Rica em sátiras, graças a uma cuidadosa edição crítica, amparada numa extensa pesquisa histórica. Dela emergem a fervilhante vida política de Minas Gerais no século do ouro, as tensões entre os diferentes grupos sociais, mas também a paródia, o deboche e a sátira como armas de luta política.