No romance Uma Mulher Diferente, como em outras obras, Cassandra utilizase do estereótipo para desestabilizar o estabilizado/ estabelecimento. De acordo com as convenções tradicionais de gênero (literário) preestabelecidas, antes mesmo de começar a leitura, o leitor(a) já espera depararse com um crime, seguido de uma investigação que, sem dúvida, levará à solução do caso e ao restabelecimento da ordem. Logo, tornase evidente que a questão central abordada pela obra não é uma questão de fato, mas sim de processo: já sabemos o que vai acontecer, resta descobrir como acontecerá. Desde o primeiro capítulo, quando se revela que a belíssima loira encontrada morta, boiando no rio, não era uma mulher de verdade (como a famosa imagem de Amélia), e sim uma "mulher diferente", o leitor(a) percebe que esse romance policial não será exatamente como os tradicionais, escritos por Agatha Christie e Raymond Chandler.