A motivação desta reflexão é o resgate, conhecimento e aprendizagem de certa religiosidade popular no ciclo de narrativas de Eliseu. Os relatos de milagre neste ciclo apresentam um profetismo que se movimenta do corpo para as coisas. São os gestos cotidianos, na lida com os objetos cotidianos, que vão assumindo caráter ritual e mágico, restaurador da vida - panelas, vasilhas, pratos, potes, porta, cama; sal, farinha, erva, água, azeite; mão, boca, olho, barriga, espirros, caminhadas, movimentos. São narrativas de baixo impacto e nenhuma eficiência políticas, mas que oferecem o que comer. Pequenos rituais, coisas de se fazer. Esses rituais não cabem nos esquemas tradicionais que organizam a profecia como denúncia e anúncio porque não precisam da palavra. Não são falas, nem oráculos, nem mensagens - são acontecimentos.