Direta ao fato como numa queda brusca. Assim é a escrita de Maria Eugênia M. que, sem devaneios ou necessidade de criar suspense, vai do início ao fim em poucas palavras no levando com ela a cada baque. Basta ler a primeira página de Os sapatos não acompanham as quedas para entender que o calendário da narradora é marcado pelo antes e o depois da morte do seu filho. E que o que segue será um diário ou uma alucinação que mistura diversas perspectivas de uma mesma realidade. A história é narrada em detalhes descritivos ricos misturados a reflexões e questionamentos. Tudo isso um capítulo único, assim como também era único o filho de Célia que, com apenas vinte e nove anos, se lança da janela do seu apartamento, causando na mãe não só a dor inenarrável da perda de um filho, mas o questionamento sobre a perda da sua própria identidade: E´ isso o que sou. Ou melhor, e´ isso o que eu deixei de ser: uma mãe.