Uma serenidade e uma inquietude, perpassam a poesia de Fátima, conforme podemos depreender dos seus poemas metapoéticos, onde a exemplo de João Cabral de Melo Neto, de Carlos Drummond de Andrade, poetas entre tantos outros com quem dialoga, percebe- se a sua luta com o branco da página e sua angústia diante do limite ou da fluidez da palavra, muitas vezes pouco suficiente para traduzir o que se quer expressar, daí também a sua fé no poder do silêncio, tão recorrente em seus textos. Ainda na linha de diálogo, merece registro o entrelaçamento que estabelece entre poesia, música e pintura, seja através da própria sonoridade advinda das aliterações e assonâncias presentes em seu texto, seja através dos próprios títulos dos poemas, seja através das construções imagéticas, da fusão que operacionaliza entre imagens relacionadas com a poesia e com a pintura, diluindo, assim, qualquer possível fronteira entre as diversas manifestações artísticas.