Nesta primeira década do século 21, a crise do capital globalizado permite inaugurar uma nova fase no longo processo de desenvolvimento brasileiro. Isso porque, desde a implantação da grande empresa mercantil durante a exploração do ciclo da cana-de-açúcar, o país manteve importante grau de subordinação e dependência em sua relação com o exterior. Mesmo durante os "anos dourados" da industrialização nacional (1933 - 1980), a difusão do padrão de produção e consumo se deu por meio da cópia do modelo adotado pelas economias capitalistas avançadas. A sua internalização no país, por parte da grande corporação transnacional, terminou por aprofundar ainda mais o subdesenvolvimento que separou reduzidos segmentos abastados das enormes massas populares, quase sempre excluídas de parcela considerável do progresso material alcançado. Uma industrialização capitalista tardia, que avançou de forma concentrada territorialmente e incapaz de engendrar o seu próprio núcleo tecnológico necessário para superar sua relação subordinada e dependente do Brasil com o exterior. Isso se mostrou ainda mais grave durante a fracassada experiência neoliberal a partir de 1990. Atualmente, percebe-se que, ao contrário da Depressão de 1929, quando a saída inédita e progressista indicou perseguir algumas das referências de sociedades já experimentadas, como o fordismo estadunidense e o planejamento central russo, a crise em curso impõe a invenção de um novo projeto de nação. Não há mais modelos a seguir, mas algo inovador a ser construído. Nesse caso, "quem sabe faz a hora". Por deter essa oportunidade histórica, o Brasil de hoje não pode mais deixar-se abatido por erros do passado. O seu reconhecimento compreende uma das principais tarefas do presente livro, especialmente no que diz respeito ao avanço da matriz energética renovável.