A publicidade, espaço privilegiado das representações e idealizações sociais, é o corpus escolhido pela autora neste trabalho. É a partir dos anúncios das revistas A cigarra e Ariel que emerge a São Paulo dos anos 20: a imagem idealizada de uma metrópole moderna, o discurso higienista, a exaltação da ciência e do progresso, o culto à beleza e a valorização da cultura e da arte, em aberta contradição com a realidade de um país periférico, das enchentes e da pobreza. Enfim, o equilíbrio entre um modelo europeu de urbanidade e o cotidiano inventivo e improvisado das inúmeras etnias e grupos sociais que se formavam - imagens díspares do arcaico e do moderno, do universal e do particular, da província e da metrópole. Destarte, a autora mostra-nos como essas revistas engendram, concordes com o discurso dominante, a ordenação e os usos dos espaços públicos e as novas formas de sociabilidade, ao mesmo tempo em que também resultam da mesma ideologia que expressam em suas páginas.