A arte de sujar os sapatos, assim chamada por Humberto Werneck, a partir de uma expressão do jornalista Ricardo Kotscho, é a arte de sair à rua na busca por histórias, e deveria sempre ser a arte do encontro entre repórter e vidas anônimas, por meio da imersão que alcança seu ápice na grande reportagem. O gênero jornalístico caracterizado pelo longo tempo de contato com o Outro e pela dedicação ao texto é investigado neste livro, que contempla trabalhos protagonizados por quem, muitas vezes, é tomado como invisível. A cegueira coletiva e consciente também é instituída pela mídia quando critérios de noticiabilidade excluem e quando palavras encarceram identidades. Será que, na grande reportagem, os discursos construídos acerca dos marginalizados sociais permitem conhecê-los em sua alteridade? A pergunta leva à análise de cinco imersões vencedoras do Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos. [...]