Ditadura militar, 1974.Um jovem casal, ela química, professora na Universidade de São Paulo, ele físico trabalhando em uma empresa, desaparece sem deixar o menor sinal. Pânico na família e nas amizades, buscas incansáveis, qualquer fiapo de informação reacendendo esperanças, sofrimento indizível com a agonia da incerteza.Mais tarde a realidade se impôs, trágica e definitiva: eram militantes da resistência e tinham sido seqüestrados, torturados e assassinados. Talvez na "Casa da Morte", em Petrópolis?Nada foi confirmado e eles continuam na lista dos "desaparecidos".Desaparecidos, mas não olvidados. Este livro não veio para registrar fatos do terrorismo do Estado, mas, sim, para nos colocar dentro da dor e da memória. O senhor K. é o protagonista, dilacerado em seu amor paterno e os sentimentos de culpa: como não percebera o que acontecia com a filha, ele que também fora um resistente judeu na Polônia natal?Na leitura, convivemos com as providências desesperadas da família, apelando no país e no exterior e aqui tendo que lidar com agentes da repressão, com informantes, com extorsões, com a mentira, o escárnio, a humilhação, a covardia, a crueldade. (...)Maria Victoria de Mesquita Benevides