Escrito ao longo de trinta anos, de 1985 a 2014, o Diário nos mostra a construção de um percurso espiritual. Esse percurso tem como ponto de partida a escuta da vida exatamente onde ela nasce e visa à realização de algo que poderíamos definir como sentido da vida. O meio de atingir esse objetivo é a oração, concebida como um diálogo. Quem quer fazer oração deve preparar-se para uma das maiores ausências (aparente ou percebida como ausência) de Deus. Grande ausência porque, inicialmente, imaginamos que vamos obter dele, pelo menos, um sentimento de presença. Ele pode dar esse sentimento, às vezes dá, mas não é esse o objetivo da oração. A única certeza de que rezamos bem é quando temos fé que Deus está ali e age e quando queremos nos oferecer à sua ação. Crer e querer são as duas armas do orante, seus dois presentes a Deus, seus dois únicos contatos com ele. [...]