Observe a fila na porta de um presídio masculino. Mulheres de chapinha no cabelo e havaianas nos pés dividem espaço com crianças e suas sacolas. Carregam alimentos, histórias, pecados alheios. É o peso do jumbo. O peso de uma sentença que marca a vida não só de quem cumpre a pena, mas também de quem ama o sentenciado. Nas portas do presídio feminino, falta gente na fila e sobra abandono, solidão e cachorros a descansar sob o sol. Este livro, apurado de dentro e fora de presídios de São Paulo e Rio Grande do Sul, revela a humanidade e a falta dela nesse sistema que aprisiona seres humanos sem expectativa de ressocialização e de combate ao crime. Revela, de modo estarrecedor, como é viver atrás das grades ou refém delas, em lugares onde se articulam o tráfico, o crime organizado. Um livro que nos tira do conforto e revela a complexidade de um sistema que parece não ter solução.