Problematizar o presente constitui uma tarefa mais difícil e árdua do que, à primeira vista, se poderia pensar. Não tanto porque nosso presente histórico se mostre mais complexo e multifacetado do que já o foi um nosso passado não tão distante, embora isso não deva ser de todo desconsiderado. Com efeito, sem o menor desprezo pelo real e por suas vicissitudes, o gesto da problematização talvez requeira algo outro, ou algo mais do que a mera atenção aos traços, às especificidades e às idiossincrasias de nossa contemporaneidade; em todo caso, enfim, esse gesto talvez requeira algo como uma (mudança de) atitude, desde e mediante a qual a relação com qualquer tema ou assunto relativo à nossa realidade histórica no presente deve ser tensionada, ampliada e, sobretudo, colocada sob o signo do mais cruel e inquietante questionamento, por mais angustiante e incerto que isso possa parecer [...]. No sentido que se faz necessário problematizar a nossa atualidade, o presente livro, iniciativa oportuna do GEF GRUPO DE ESTUDOS FOUCAULTIANOS/UECE, a partir de contribuições de diversos autores de distintos lugares do Brasil, explora, das mais variadas formas, potencialidades da obra de um dos pensadores mais acionados no mundo atualmente, Michel Foucault, tendo em vista, por um lado, a necessidade urgente e o portentoso desafio de compreendermos o que se passa em nossa pura atualidade, com que forças e problemas lidamos, e, por outro, o imperativo de tecermos formas criativas e produtivas de nos havermos com os desafios e dilemas de nossa condição contemporânea. Sylvio Gadelha