É quase banal se observar as relações da vida, elas começam, se desenvolvem e acabam de modo natural, uma grande prova de o quanto a vida é intermitente. Neste sentido, o autor constrói um enredo no qual os personagens surgem e se fazem conhecer por meio de seus relacionamentos cotidianos. Sendo assim, a maneira pela qual os personagens envolvem-se uns com os outros, conversam e dialogam, é absolutamente cotidiana e, por isto mesmo, não pode ficar isenta de demonstrar os pequenos conflitos e dramas rotineiros, um casal que teve um relacionamento antigo, se separou ou se reencontrou, a contratação de um empregado como funcionário. O sexo ocupa um papel importante na narrativa, os sentimentos animalescos e fundamentalmente humanos estão presentes em palavreados, em comportamentos, aparece nos momentos mais inusitados, diante do perigo, como se a obra brincasse com a condição humana, mostrando o quanto a libido é instintiva e aparece tanto diante da vida, quanto diante da morte. Diante destes relacionamentos conflituosos, desencontros amorosos, violência urbana e, também, entre farelos, comida, bebida, sono e preguiça, os personagens são ao mesmo tempo, resistentes e sobreviventes, pois permanecem vivos o suficiente para encarar a apatia da vida, como se não se desgastassem mesmo diante de tramas trágicos e corriqueiros.