"Inúmeras são as qualidades deste texto [...]. A autora coloca o leitor à vontade diante das questões que discute, convidando-o a compartilhar com ela seus achados e análises. Estas adquirem em sentido de narrativa, como que seguindo as recomendações de Wright Mills em seu livro A imaginação Sociológica, ao chamar a atenção para a necessidade de usar uma linguagem acessível a todos aqueles a quem a Sociologia se dirige e para os quais deve fazer algum sentido. O estilo neste texto, portanto, é complementado - e deve ser, segundo Mills - pela capacidade analítica, seja dos autores usados como referência, seja do material recolhido na pesquisa de campo. Nesse processo de construção do conhecimento, que vai sendo desvelado para o leitor, ganha dimensão importante a reflexão a respeito da pesquisa de campo. [...] Por tudo isso, entendo que esse texto é marcado essencialmente pela ideia da partilha, a partilha da experiência com os entrevistados e com os leitores como condição para a invenção. O material obtido nas entrevistas em profundidade [...] aparece de forma significativa, não como exemplos que ilustram ideias pré-concebidas, mas sim como a base da reflexão sociológica. Trata-se essencialmente de construir uma interpretação indo do empírico ao teórico, e a ele retornando, em um movimento que apanha a dimensão humana das pessoas entrevistadas, suas lembranças, representações, o imaginário relacionado ao trabalho". (Heloisa H. Teixeira de Souza Martins)