A questão agrária no contexto socioambiental do século XXI é o que denominamos neste livro como agroecológica. Esta denominação foi adotada para destacar a necessidade de integrar os problemas ecológicos ao debate sobre o progresso técnico na agricultura e o papel que o campesinato pode desempenhar no desenvolvimento das sociedades contemporâneas. Na perspectiva ecossocialista adotada, consideramos que os problemas ecológicos não são meras limitações às atividades humanas colocadas pelo meio ambiente, mas surgem a partir da agravação das contradições entre, por um lado, a dinâmica da formação e da circulação do valor econômico nas sociedades contemporâneas e, por outro lado, a dinâmica dos sistemas naturais das quais elas dependem para a sua sustentabilidade. Essas contradições possuem uma estreita relação com as existentes entre a acumulação de capital e as necessidades sociais sendo essas características das sociedades capitalistas. De acordo com a perspectiva ecossocialista adotada, a causa fundamental dessas contradições é a apropriação privada das riquezas sociais. O livro está organizado em cinco capítulos. O primeiro é dedicado à discussão do referencial teórico e metodológico adotado e o segundo as dificuldades do marxismo em integrar o problema da escassez, dificuldades estas que imprimem um forte caráter produtivista a muitas das suas correntes. No terceiro capítulo, é tratada a questão do campesinato nas sociedades contemporâneas e no quarto são propostas políticas públicas para a promoção de uma transição agroecológica. No quinto capítulo, são discutidos elementos estratégicos para, a partir de uma perspectiva ecossocialista, integrar tais políticas a ações mais amplas, relativas ao conjunto da sociedade.