A qualificação do movimento de idéias em Portugal, no século XVIII, é tema polêmico e controverso. O ambiente intelectual luso, em virtude de ter articulado as idéias modernas com a tradição católica, é comumente identificado, nas historiografias brasileira e portuguesa, como um caso à parte, principalmente quando comparado à conformação filosófico-científica da Europa. Em 1772, a Coroa portuguesa, na intenção de modernizar o país, empreendeu a reforma da Universidade de Coimbra, considerada um marco no processo de assimilação dos princípios iluministas em Portugal. Por meio da análise da reforma, especificamente da reformulação da Faculdade de Leis e da criação da Faculdade de Filosofia, examinou-se a natureza da sua proposta de ensino, comparando seus fundamentos com algumas concepções veiculadas em obras relevantes de filósofos franceses. Adota-se no livro uma noção plural de Iluminismo, pois o movimento intelectual em voga no Setecentos, longe de ter sido uniforme, apresentou diversas tendências. Assim, diante dos vários Iluminismos da Europa, sugere-se a existência de um Iluminismo português.