O rei dos negócios demonstra como é possível enriquecer sem acumular nenhum bem material. Felizardo - ele leva a felicidade até no nome - não considera nem a morte uma perda por completo (é o começo da transformação). Desta forma se inicia a saga do personagem: no cemitério, recebe de herança uma moeda, que troca por um animal, e troca por outro e por outro... Ele aprende, com estas trocas, que a riqueza está justamente na brevidade e na simplicidade: em um porco sossegado, em uma cabra esperta e, mais ainda, em uma leve pena - ou naquilo que ela simboliza. Assim, além de uma leitura enriquecedora, o livro mostra-se uma ótima ferramenta para trabalhar a oposição entre aparência e essência, o valor simbólico e até um tema bastante discutido entre pais e professores: o consumismo infantil. O formato do livro faz jus à grandeza e à qualidade das ilustrações. Na medida em que Felizardo efetua as trocas, o texto torna-se mais enxuto, enquanto as ilustrações, com cores fortes e pinceladas firmes, preenchem o branco das páginas. Talvez a intenção da autora seja justamente mostrar que Felizardo enriquece ao se desprender dos bens - assim como das palavras que os definem. Ao final, sobram apenas o rei dos negócios e um céu tão imenso quanto um segundo de felicidade.