Estilhaços de memórias espalhados pela sala de estar do apartamento, fragmentos de noites perdidos no esquecimento, pedaços rasgados de beijos guardados numa caixa que nunca mais será aberta. Poderia a memória derrotar a corrosão do esquecimento? A morte da graça no baile dos erros fala, essencialmente, sobre a experiência humana a partir de suas perdas. A força poética de suas imagens advém da conjugação de elementos cotidianos, como postais, garfos e escapamentos, com sentimentos e experiências ligados à fugacidade, ora desejando-a, ora a recusando-a. O eu-lírico dos poemas é isolado e solitário, fruto típico da modernidade. Por vezes melancólico, por outras contemplativo. No entanto, não adota um tom confessional ou de lamento, mas de ficção e encantamento a partir da linguagem poética, inventando imagens capazes de tornar a experiência do mundo em algo próximo a uma cena de filme. [...]