Premiado pelo Capes como melhor tese de 2006 na área de educação, este livro traz à tona a relação muitas vezes delicada entre juventude pobre e escola pública. Aqui, este debate é colocado a partir de um "lugar" de observação: a escola pública. Esta instituição já se consolida na literatura especializada como espaço de reprodução das classes, mas vem nos últimos tempos apresentando desafios que a posicionam como instituição fundamental também na reprodução das gerações no país. Mônica Peregrino busca desvendar aqui uma questão fundamental: como expandir, tornando universal, o sistema público de ensino fundamental num país marcado por violentas desigualdades econômicas, políticas e sociais como o Brasil? Para responder a tal questão, a autora nos dá importantes contribuições para a compreensão dos mecanismos, processos e práticas que organizam os "modos de escolarização" que contribuem, no cotidiano da escola pública, para a perpetuação do que chamado "fracasso programado" na escolarização de crianças e jovens pobres entre nós. Um segundo desafio, este de caráter metodológico, foi a opção de investigar os processos de escolarização dos jovens a partir do estudo do caso particular de uma instituição pública de ensino - situada na cidade do Rio de Janeiro -, tratada como "caso particular do possível". Mediante a recuperação de três décadas de trajetórias escolares, um "mergulho" nos modos de escolarização dos tempos que correm e uma etnografia do "corredor" do ginásio da escola, este livro desvenda, com rigor e lucidez, as velhas e novas desigualdades que marcam a instituição, e ainda aponta alguns dos muitos impasses vividos por seus integrantes. Seleção, segregação, enraizamento e regulação são as categorias centrais desta análise que, de forma inovadora e com acuidade crítica, coloca a escola como um "mirante" de onde se podem apreender alguns dos elementos que compõem a dinâmica social brasileira.