Invejo quem atravesse todas as madrugadas bem dormindo para, logo em PRETA seguida, compadecer-me dessas pessoas. É que o alongado tempo da vigília, enquanto rouba o bom sono, oferece algo de peculiar lucidez, de inesperada loucura. Não sei se são os fantasmas, ou o silêncio, ou o abandono. Será o sereno? Mas desconfio serem os notívagos e os mal dormidos bons porta-vozes dos tantos caminhos do pensamento. Por isso, descobrir que Patrícia Franz atravessa longas horas cozendo e descosturando pensamentos explicou muita coisa. Como ela mesmo diz, o relógio que cortava o ponto das minhas felicidades era o mesmo que pagava hora extra aos meus problemas. Dona de uma prosa muito particular, intensa e livre, a autora casa-se muito bem com a crônica e, sem-vergonha, namora com a poesia em linhas esparsas e troca bilhetes secretos com o humor. O produto desses múltiplos amores está cuidadosamente distribuído aqui, em seu primeiro livro autoral.[...]