Considero a poesia um exercício de observação, em que se desenvolve um olhar atento de um instante, de uma cena, do olhar de uma pessoa desconhecida que topamos em uma rua lotada, da lembrança de um rosto antigo, de uma palavra - esperada ou proferida. Poesia também é feita de movimento. Assim considero o primeiro livro de poesias de meu amigo Felipe Só. Tripartido - Sim, Não e Talvez - e tendo como tema o amor, seus encontros, desencontros e dúvidas - afinal, há sempre um talvez que se faz presente nos encontros da vida. O conjunto de poemas é construído em um ritmo interno próprio, em que passagens, distâncias, caminhos se alternam, se aproximam e se distanciam, se constituindo em um jogo - ir e voltar, saudar e se despedir, se perder em caminhos e depois encontrá-los. Juntar-se ao coro da multidão mesmo sabendo que você é uma ilha / e os barcos que chegam podem não ficar / mesmo os que estão ancorados podem se soltar / e os que estão na beira, se distanciar. - Luciana Campos