Quando “Myron” foi publicado em 1974, nos EUA, alguns críticos torceram o nariz. Gore Vidal, no entanto, não se abalou. Até porque o texto inteligente, provocante e com pitadas de irresistível cinismo, foi apreciado por leitores em todo o mundo, incluindo os norte-americanos. O personagem que dá título ao livro é um transsexual, que luta para definir sua dualidade homem-mulher. O cenário é Hollywood e seus estúdios de cinema e TV. Mas não só. O universo pop, a intelectualidade, a pornografia e o momento político recebem as costumeiras alfinetadas de Gore Vidal. A trajetória de Myron Breckinridge tem um pé no passado, quando rememora as estrelas hollywoodianas, e outro num momento particularmente delicado da história americana, o escândalo Watergate, com direito à aparição do presidente Nixon.