Foi com intimidade prazerosa que Roberto M. Moura mergulhou nas rodas de samba para compor um original reflexão com iguais doses de ginga e erudição não tivesse este livro sido originalmente escrito como tese de doutorado em Música para Unirio. Com os instrumentos da razão, ele desdobra passo a passo a teoria de que a roda é anterior ao samba e sua verdadeira motriz. Com o coração percorre as trilhas de um mundo sensual e colorido, cujo mapa tem seu centro nos subúrbios do Rio e dali se espalha pela cidade até alcançar o país inteiro, seguido por uma legião crescente de admiradores. Até agora subestimada na bibliografia musical, a história da roda remete a questões que são muito mais que musicais são etnológicas, antropológicas e sociológicas. Criado na Praça Onze, o autor mostra como vivem, convivem,r resistem e criam os grandes mestres da chamada cultura popular. Ao interpretar a realidade social das rodas de samba, ele não as opõe a manifestações supostamente mais educadas, mas recorre à oposição complementar entre casa e rua sugerida pelo antropólogo Roberto DaMatta e mostra o samba como um dos mais criativos instrumentos para pensar a sociedade brasileira.