É muito interessante notarmos como o trabalho aqui apresentado foi construído de modo a favorecer, para o leitor interessado, a articulação da teoria com a clínica. Se o caminho proposto possibilita uma compreensão teórico-clínica a respeito do ato suicida, o avanço e a originalidade do trabalho de Marcos estão, justamente, em apontar que a questão incide não apenas sobre o ato suicida, mas, sobretudo, sobre a sua falha. Profa. Dra. Maria Lívia Tourinho Moretto Psicanalista e Professora do Departamento de Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. O enigma, para a psicanálise, concerne desde sua origem freudiana à questão da causa. Deparamo-nos, portanto, com a pergunta: o que torna possível o ato suicida? Indo além do discurso da saúde, da perspectiva da prevenção, não se trata aqui de fatores externos, de fatores de risco. Seguindo a orientação introduzida por Freud, o enigma se associa, em nosso caso, à interposição do inconsciente e ao advento aí de um sujeito. Com Lacan, a evidência de que tal operação constitutiva concerne à condição de ser falante. Os fatores de risco não falam.