As aventuras das quais este romance está repleto torna a narrativa fluída do início ao fim. Os personagens estão situados na época das peregrinações até Jerusalém, e embora, aparentemente o personagem Pedro surge como um rapaz contido, provinciano, acostumado a trabalhar como ferreiro junto com o seu pai, percebe-se no jovem um espírito audacioso e questionador. Há algo em sua alma, algo que o inquieta. Ele tem sonhos repetitivos com um cavalo branco misterioso, o que sempre desperta nele uma ânsia para encontrar a paz da alma, a qual, o rapaz acredita residir na brisa do mar. Esta vida pacata de Pedro, de trabalho e família modifica-se quando de modo abrupto e repentino o nobre André surge na sua vida e, não se sabe bem o porquê, escolhe Pedro para ser o seu escudeiro em sua peregrinação. O contexto no qual estão inseridos estes dois aventureiros é a época dos senhores feudais e das lutas armadas, o que de certo modo levanta inúmeras dúvidas, como pode um homem interiorano e pacato como Pedro mudar radicalmente o seu estilo de vida, aceitando empreender uma viagem com um homem até então desconhecido como André, sabendo que, esta jornada será repleta de aventuras, mas também de perigos?Com esta narrativa rápida e envolvente o leitor transporá o tempo atual da modernidade e dos computadores, para encontrar-se junto a busca destes dois personagens caricatas, que de certo modo equilibram-se mutuamente. A grande questão da obra é perceber que embora o espaço seja outro, a arquitetura das casas, as cidades e as organizações sociais sejam completamente diferentes das atuais, há algo de muito moderno e atual em todas as motivações humanas representadas do dilema dos personagens da obra.