A artista ítalo-brasileira que se consagrou sobretudo por sua dedicação a escultura, pintura e gravura reuniu, ao longo de mais de cinquenta anos, também um corpo inédito de trabalho escrito, em prosa e poesia, que complementa e tensiona com sua produção visual. A obra textual de Anna Maria Maiolino dá mostras da sensibilidade que já se tornou sua marca registrada, e que aqui se manifesta em sua maneira de narrar as memórias ambivalentes com a família imigrante; o pertencimento ou não pertencimento às várias terras que habitou; o mais íntimo da relação com amigos e amores de longa data; a feminilidade constitutiva de sua visão e experiência de mundo; a passagem indelével do tempo: “Agarro o minuto/ o segundo/ o átimo/ o milésimo do milésimo do instante/ somo-subtraio tempo/ até o fim”. Em sua escrita, tão potente quanto sua obra plástica, também se podem ler as marcas que a psicanálise deixou na autora-artista.