Os quatro contos reunidos neste volume constituem uma renovação em continuidade da obra ficcional de Ariosto Augusto de Oliveira. O autor, cético e satírico à moda machadiana, explora com verve moderna certos extratos sociais e constrói personagens carregadas de cinismo e hipocrisia como convém a um olhar crítico sobre nossos homens de bem e de bens. E sonda também fracassos e velhice incurável, além de perpassar gente pobre que se aguenta nas ilusões do que poderia ter sido e que não foi.Trata-se de quatro narrativas que se poderiam chamar contos, mas, segundo discute o autor na abertura, são e não são contos, dadas as qualidades e fronteiras flexíveis do gênero, que o longo exercício na tradição da literatura brasileira indica sem limites no interior dos quais cabe pouco e muito. O resultado é uma provocação ao leitor, que tanto pode ficar desnorteado quanto compactuar com o que lê e abraçar fraternalmente o autor para juntos beberem umas e outras.Merece ressaltar a cuidadosa sensibilidade do autor para os registros linguísticos, muito diferenciados para cada narrador, todos em primeira pessoa e, não obstante, democraticamente, cedendo a palavra a diferentes falas.Enfim, perversos e suas perversões, está frente a uma escrita cujo fundo de verdade é desafio e provocação e exige que se decifre onde está a verdade já que nesse mundo as trapaças são seu vinho predileto...