No Brasil dos séculos XVII e XVIII, dos muitos caminhos criados, cada um daqueles ditos oficiais foi identificado como sendo uma Estrada Real. Esses caminhos ou estradas reais tinham como justificativa permitir as circulações de pessoas e de mercadorias, mas de forma controlada, o que normalmente acontecia quando os mesmos cortavam os limites entre capitanias, onde então se encontravam instalados inúmeros registros ou postos de controle. Dentre todas essas estradas, a Estrada Real da antiga capitania de Minas Gerais, composta pelos caminhos Velho e Novo, foi a mais importante por conta das fabulosas minas de ouro e de diamantes encontradas nos desertões mineiros. Passados tantos anos, ainda permanece viva na nossa memória por conta de projetos e pesquisas, bem como por conta dos inúmeros textos já publicados e que tratam de revelar a dinâmica da penetração e todo o processo de conquista dos desertões mineiros, que tornaram esclarecedora a gênese da formação de territórios como o de Minas Gerais e a origem de nosso passado histórico. O trabalho preparado pelo autor e intitulado Entre a palavra e o chão: memória toponímica da Estrada Real, centrado na onomástica, vem cobrir uma lacuna nesse conjunto de pesquisas que busca o entendimento desse processo de formação e de ocupação do território mineiro. O trabalho, desenvolvido com muito cuidado, apresenta-se organizado como um roteiro de viagem pelos caminhos da Estrada Real de Minas, tendo início com uma descrição teórica da ciência toponímica e das relações estabelecidas com as outras ciências, de modo particular com a Geografia, História e Religião.