O livro discute os conflitos em torno do uso da água na Baixada dos Goytacazes, no norte do Estado do Rio de Janeiro, oferecendo um esquema analítico alternativo ao da literatura técnica especializada, que atribui tais conflitos à escassez objetiva do recurso hídrico. Busca-se demonstrar que os conflitos pelo uso da água não decorrem apenas da luta pelo recurso escasso, tendo em vista que esta escassez é ela mesma socialmente referida às condições jurídico-políticas específicas de regulação e às formas culturais subjacentes aos diferentes modos de apropriação da água. A análise empreendida permite compreender como o comportamento histórico dos agentes sociais influiu na conformação dos conflitos e a forma como diferentes grupos sociais sustentaram ou se opuseram à trajetória de intervenções (implantação de obras de drenagem) que transformaram definitivamente as formas de acesso aos recursos hídricos na referida região, trazendo para a discussão as relações de poder e dominação subjacentes, assim como a existência de diferentes projetos sociais e culturais em disputa naquele território.