Literatura e filosofia são dois procedimentos diferentes de elucidação da realidade humana, mas de alguma maneira se atraem e convergem para o mesmo propósito: a compreensão da existência. Neste livro, Thana Mara de Souza mostra que a prosa, em Sartre, não é apenas comunicação de ideias, mas convocação da liberdade do leitor para assumir, tanto quanto o escritor, o compromisso que gerou a obra. Nesse sentido, o imaginário não é um refúgio, mas um lugar privilegiado de onde se podem adotar posições críticas de transformação da realidade. Acentua também o caráter singular da concepção de prosa do filósofo: a imbricação entre estética e ética, ou a forma narrativa na qual se revelam os traços mais originais do processo de constituição da existência, muitas vezes tão paradoxais que somente o movimento da articulação literária logra expressá-los com alguma fidelidade.