Desde o aparecimento do célebre ensaio de Darwin sobre A origem das espécies (1859), o falso dilema entre a teoria científica da evolução e a doutrina filosófica e teológica da criação continua a inflamar os ânimos e os debates. Num confronto muitas vezes repleto de desconfianças, sobre o qual ainda se estende a sombra do caso Galileu, a ciência tende a relegar a teologia ao depósito dos refugos de um paleolítico intelectual, e a teologia, por sua vez, tem a tentação de traçar o perímetro dos campos da pesquisa científica ou dobrar seus resultados em chave apologética. Contudo, a primeira disciplina se dedica aos fatos, aos dados, à cena e ao como, enquanto a segunda se consagra aos valores, aos significados últimos, ao fundamento, ao porquê. [...]