Leitoras, leitores! Aqui, nessa orelha, lhes convido a percorrer as voltas e as volutas dessa Nódoa sobre tela, como a cobertura apetitosa, volumosa, em espiral ascendente de um bolinho que será devorado em uma, duas ou três mordidas. Importante lamber nos dedos os resquícios do creme não apenas decorativo. É sim de fomes, texturas, odores e sabores que se faz esse conjunto de poemas. Nele, Ana Araújo investiga os sentidos da língua, da palavra, o que delas e com elas podemos ouvir, tocar, cheirar, saborear e ver. Na imagem da nódoa que dá título à obra é possível encontrar um mapa que provoca a trilhar direções. Quem se entregar à experiência corre o risco de se deparar com paisagens imprevistas de um cotidiano nada banal. Aqui o mundo doméstico a vida íntima, o interior da casa, a experiência corpórea da mulher é selvagem, grandioso, abundante, feroz e profano. Afinal, é de mácula que se trata, dos desastres que se inscrevem no corpo e na língua de modo incontrolável, e por isso(...)