Compreensão é miragem, diz Wilson Alves-Bezerra no prefácio de seu diário/delírio de viagem por diferentes línguas e culturas que se misturam a ponto de não sabermos mais onde estamos e em que língua (e sobre o que) lemos. Aliás, pergunta-se o poeta, cuando uno no está en su lengua materna, donde estará?. O taxista somaliano, de Malangue Malanga, está na terra do Tio Sam e conta, em inglês, que no seu país reza para Deus na mesma língua em que luta contra seus irmãos. Como compreender esse e outros paradoxos? Como compreender que o culto irrestrito à liberdade encontra um limite na terra onde o chão não é meu, pero se disse que es nuestro? A liberdade tem uma fronteira na terra, mas não na língua: com a língua, fazemos o que queremos, afinal, cada um fala a língua que pode, e não se entende mesmo assim. Com as mezcla das mistura, ai sempre algo que se diz, algo que se perde, algo que se gana, algo que se desenganará. E voltamos então ao começo: compreensão é miragem, ou, como [...]