O enfoque deste livro de César Moya - que nasce de sua experiên­cia pastoral entre as vítimas de conflitos - é realista. Leva a história a sério e não é ingênuo no tocante à reconstrução de convivências. Busca a reconciliação, que encarna a justiça e transforma a sociedade. É um pro­cesso que parte da vítima, não do vitimizador, e não se limita à sociedade humana, mas inclui a natureza, outra vítima da violência. Mas a reconci­liação, nesse sentido profético, não exclui o conflito; o conflito até é necessário para haver mudança na realidade estrutural, que prepara uma verdadeira reconciliação. Faz parte do processo de libertação. No fundo, este é um trabalho teológico. Interessa-lhe a realidade de Deus, que possibilita a reconciliação, pois, como diz: "a reconciliação parte de Deus, é ação de Deus em nós". Isso não implica passividade humana, mas que os seres humanos se transformem em instrumentos de Deus. Como fez Jesus, Filho de Deus, implicaque os seres humanos se soli­darizem com as vítimas-tornem-se "vítimas" -com afirme promessa da ressurreição.