Em um de seus textos, o escritor argentino Julio Cortázar certa vez esboçou uma idéia fascinante- a loira prostituta Mireille, amiga de Toulouse-Lautrec e por ele retratada no quadro Au salon de la rue des Moulins, seria a mesma rubia Mireya cantada em tango. Esse foi o desafio aceito pela também argentina Alicia Dujovne Ortiz neste 'Mulher da cor do tango'- contar a epopéia imaginária dessa mulher real. Profissional do salão da rue d'Amboise, espontânea, franca, Mireille é diferente das outras meninas, apertadas em seus espartilhos, e talvez por isso- além da coincidência de terem nascido na mesma Albi- tenha encantado o pintor, que, apaixonado, faz dela seu modelo. Mas Mireille, cedendo à 'tentação de Buenos Aires', aceita a proposta de um argentino que lhe promete fortuna e parte com ele para a América do Sul.