Abrir um mapa cartoneiro, aceso e fugidio; um mapa que, de tanto se desgarrar dos braços, molda desde dentro a terra da caminhada, com seus ares densos de mata cerrada, mas também com o rutilar das águas marinhas, de rudes marinheiros ébrios. Tanto, terceiro livro de Marcus Vinicius Santana Lima, arquitetado como um livro-poema, faz da experiência uma seara de presságios, uma espécie de épico do contemporâneo, com suas partes interligadas a cada página-poema. Há uma captura da palavra escavada na memória, uma embarcação à deriva, paisagem cortada pelo escuro de um país entregue ao medo ou a uma cidade brotada do leite, vingando em si os próprios arroubos libertários. Nessa circunscrição, o horror do flagelo político aparece na figura de um animal/pendurado pelo pé pensando na liberdade como pensaria num grande amor. O tesão e a dor de Mião, o personagem quimérico-adâmico, melhor seria, o animal-nordeste, o homem-paisagem, o ser-em-exílio deflagrado para o combate e o sonho, são (...)