Este livro destaca aspectos da maior importância sobre as sociedades indígenas: a grande diversidade étnica, linguística e cultural dessas sociedades, sua distribuição pelo território brasileiro, as sucessivas etapas do massacre a que foram submetidas ao longo da história e, especialmente, a luta que travam para garantir o domínio de terras que lhes assegurem a vida e a preservação das suas comunidades. Apesar de alguns avanços, essa luta continua muito difícil, pois ainda não temos consciência do valor que a terra tem para esses povos: muito mais do que simplesmente o solo que sustenta suas moradias e plantações, ela constitui elemento sagrado, base de toda a sua vida material e espiritual. Palavra do autor: O livro possui quatro partes: o significado religioso da terra, a história da perda da terra tradicional, a luta pela demarcação das terras indígenas e a história de um povo - o povo Tapirapé -, que conseguiu se recuperar física e culturalmente com a reconquista da terra. Pude colocar esse povo, pois o conheci em 1985, quando já estavam em adiantado processo de recuperação populacional, já que 35 anos antes, estavam à beira da extinção, com apenas 51 pessoas, vítimas de doenças e de conflitos com outros indígenas e com sertanejos. Neste livro os povos indígenas nos levam a descobrir a terra como mãe e amiga, colocando também a dimensão religiosa, pois na terra estão os espíritos protetores e as entidades sagradas, que ajudam a preservá-la. Na realidade esses povos  foram os grandes preservacionistas ao longo da ocupação do continente. Por milhares de anos viveram aqui, sem destruí-la e sem alterar a natureza, pois havia uma interação profunda entre eles. O desafio é fazer com que ao adquirir elementos vindos de nossa cultura, não abandonem os valores tradicionais. Esse é o grande desafio para as próximas gerações de indígenas que têm que conviver com elementos de nossa cultura que invadem cada vez mais as aldeias e as comunidades indígenas.