Na perspectiva discursiva da Análise de Discurso, o silêncio político, ou silenciamento, transita entre a retórica da opressão, no sentido de calar, evitando o que não se quer discutir, questionar, e a retórica da resistência, no sentido de calar quando o outro quer ouvir, ou, até mesmo, trazer outras falas indesejadas. Essa perspectiva trazida para a sala de aula da educação básica pode gerar possíveis respostas às perguntas: Por que discentes calam-se diante do discurso autoritário docente? Ou, por que não se calam e contestam de forma tão desarticulada e, às vezes, agressiva? Em contrapartida, por que o professor, a professora em vários momentos, escolhe calar-se e repetir os discursos de outrem? Apesar de considerar que muitas podem ser as variantes nesse processo, neste livro você encontrará respostas possíveis a essas perguntas, através de reflexões sobre a política do silêncio. Assim, são trazidas as vozes de docentes, discentes e do Brasil, enquanto nação que pensa, organiza e orienta as ações voltadas para o fazer pedagógico da sala de aula, através de documentos oficiais emitidos pelo MEC. Tudo isso, entendendo que os silêncios e barulhos têm acontecido de forma improdutiva para o que se espera da educação na atualidade: formação de cidadão crítico e atuante social, política, cultural e ecologicamente. Portanto, precisa ser pensado, discutido, debatido para que entre em seu lugar o diálogo, posto aqui como oposto ao silêncio, em seu aspecto de silenciamento. Nesses argumentos que trago, proponho-me a refletir sobre as questões que circulam no ambiente de aprendizagem que é a sala de aula, pois é o ambiente com o qual convivo usualmente e que venho olhando com curiosidade de investigação há algum tempo.