Miudezas se tornam oceânicas na compridez da sensibilidade de Carolina. Se um bicho-da-seda dançar sob uma fresta de luz que triangula por entre a janela, ali se fará poesia. Não que já não se faça, mas é que nem todos os olhos têm a umidade necessária pra refletir a profundidade da vida que existe em todas as coisas. Assim seria com a haste da chaleira que assusta a mão distraída num inverno qualquer, poesia, entremeando memórias dum corpo que assiste ao mundo ativamente, e reage, escrevendo. Carolina é como uma coletora de delicadezas invisíveis à pressa o quente da chaleira conta do tenro da dança do bicho que conta da preguiça do sol acordando em dia frio. Do que atravessa corpos vivos, ela conta. Aquilo que as palavras rondam e rondam e rondam, ela, rindo, diz sem querer. E sem querer ela toma. E sem querer ela acessa. E sem querer ela pousa nosso peito na qualidade rara de estar atenta e ouvir o que dizem as ondas. Recôndita brecha de alargamento que destaca as luzes do mais(...)