Esta proposta de pensar o Brasil como mercadoria de interesse do colonizador, por meio de obras literárias, é fruto das interrogações de quatro pesquisadores doutores Deneval Siqueira de Azevedo Filho (Fairfield University CT/SUNY-NY), Cinthia Mara Cecato da Silva (Ufes), Cláudia Fachetti Barros (Ufes) e Elizabete Gerlânia Caron Sandrini (Ifes/Ufes) e, para tal, apresenta leituras de obras de autores brasileiros que instigam a reflexão sobre como a Literatura, a Historiografia e os Estudos Literários, enquanto crítica, estabelecem critérios (ou não!) para a eleição de autores que performatizam em suas obras as categorias do escambo, do transe, do testemunho, do telurismo e da memória cultural. Aliás, a contemporaneidade, ao (re)pensar a literatura, fissura as limitações canônicas e provoca a revisitação de suas fronteiras de modo que as vozes ex-cêntricas possam sair das margens e serem ouvidas independentes de seu locus. Assim, misturam-se, aqui, vários estudos visando à discussão democrática, porém rigorosa, de textos que nos vieram firmar este acordo: O BRASIL É UM ESCAMBO. Para tal, as nossas provocações começam ainda na Carta de Pero Vaz de Caminha e suas profecias impressionistas/impressionadas, passando por Gregório de Matos Guerra, por Adriano Moura, Flavia D’Angelo e Zedir de Carvalho Nunes, poetas campistas-goitacá. Da Literatura Brasileira escrita no Espírito Santo, por questões de interesse temático e de vigor literário, optamos por Bernadette Lyra e Luiz Guilherme Santos Neves. Graciliano Ramos é lido pelo viés do transe telúrico da personagem Fabiano, em seu devir rizomático de uma vida seca diaspórica. Lima Barreto, como voz da margem, tem no telurismo a representação de sua brasilidade. Nuno Ramos, Hilda Hilst e Silviano Santiago, com um mesmo olhar que antecipa e oferece a todos um universo significativo e transcultural.