Em 15 de abril de 1912, o Titanic da White Star, o maior e mais luxuoso transatlântico do mundo, desaparecia no Atlântico Norte, durante a travessia inaugural, ao sul da Terra Nova, no Canadá, depois de se chocar com um iceberg. A emoção foi intensa no mundo inteiro e o drama do gigante dos mares tomou proporções de uma catástrofe internacional. Emoção ainda mais viva porque essa magnífica embarcação, obra-prima da engenharia, parecia marcar uma etapa decisiva na história da construção naval e era considerada insubmersível. Sob a pressão dos jornais e da opinião pública, que se recusavam a invocar a fatalidade, formaram-se comissões que se dedicaram, durante meses, a inquéritos rigorosos, interrogando centenas de testemunhas. A catástrofe teria sido causada por uma imprudência do comandante ou dos oficiais, por uma construção defeituosa ou por uma competição comercial criminosa? Não teria sido ela agravada pela insuficiência dos meios de salvamento ou pelo comportamento duvidoso de alguns navios alertados pelo telégrafo, que só conseguiram recolher pouco mais de setecentos sobreviventes? Com paciência, esforçaram-se por determinar a origem do maior naufrágio da história marítima, que parecia pôr em xeque, brutalmente, um progresso ininterrupto que se iniciou em meados do século XIX. O Titanic é muito mais do que uma tragédia no mar. A noite de 15 de abril de 1912 passou a ser uma lenda, um mito, que provoca extraordinária repercussão. O desaparecimento do gigante dos mares, a calma e a espantosa abnegação demonstradas pelos passageiros inspiraram operetas, canções, filmes, romances e até poemas épicos. Particularmente nos Estados Unidos, a lembrança do Leviatã constitui um dos maiores acontecimentos do mundo contemporâneo, comparável à da Guerra de Secessão. Ainda é uma obsessão para muitas consciências. A Sociedade Histórica do Titanic, em pleno funcionamento, recolhe documentos e lembranças.