O estudo que o leitor tem em mãos, agora publicado em forma de livro, é fruto de uma detida investigação feita pela historiadora Ana Carolina de Carvalho Viotti. A pesquisadora aventurar-se em nos revelar que o interesse pelo saber médico, resultante do desejo de aliar experiência e teoria no combate à “mera empiria”, já circulava pela América portuguesa muito antes da transferência da corte lusa, embora as primeiras escolas de cirurgia brasileiras datem de 1808.Dentre seus muitos méritos, o livro escapa da armadilha de criar algo completamente estranho aos contemporâneos como o assistir, ainda no período colonial, ao nascimento de uma ciência médica nacional. Nega-se, ainda, a ver como heróis os indivíduos que, com parcos recursos, faziam o que era possível para remediar os males que afligiam os corpos dos coloniais.Nas páginas que seguem, o leitor encontrará o mapeamento de um conjunto de conhecimentos produzidos entre meados do século XVII e o início do oitocentos que, ao amalgamarem costumes dos nativos e técnicas importadas, compuseram As práticas e os saberes médicos no Brasil colonial.O leitor se encontrará com uma medicina colonial brasileira narrada de maneira cativante. As descrições, cuidadosamente construídas, identificam uma medicina plural, uma forma específica de ‘ver e curar os males nas terras brasílicas’.