Michel Houellebecq é mais do que escritor: é um maravilhoso e necessário serial killer da literatura. Em pouco tempo, trucidou clichês, senhores feudais e cânones. A Sulina cumpriu, mais uma vez, o seu papel de editora de vanguarda, entregando ao público este livro que mudou o curso da literatura francesa dos anos 1990. Depois de lançar Michel Houellebecq no Brasil, com o extraordinário Partículas elementares, foi a vez de Extensão do domínio da luta. Nessa pequena obra-prima, o autor prova que ainda é possível fazer literatura de pensamento e de ação, de inteligência e crítica, de força e reflexão. Por essas e outras, em 2010, Houellebecq recebeu o mais importante prêmio literário francês, um dos mais prestigiosos do mundo, o Goncourt, por o mapa e o Território. Em Extensão do domínio da luta, Houellebecq descreve a queda de um homem. Sem pieguice, sem melodrama e sem morbidez. Esse homem encarna, em ampla medida, o indivíduo atual, mas a especificidade, bem narrada, faz dele, ainda assim, um caso concreto. A literatura encontra, outra vez, a profundidade da arte, conseguindo falar do mundo e do homem num mesmo e contundente discurso. Depois deste romance, escrever bem voltou a exigir coragem e maldição.